Na noite de quinta 28 de julho de 2011 assisti a uma interessante reportagem no canal GNT, realizada por um jornalista que durante um tempo acompanhou de perto o pastor e os integrantes da Igreja Batista de Westboro, nos EUA. Essa igreja tornou-se, lamentavelmente, famosa na América do Norte por realizar polêmicos protestos em ocasião dos enterros de soldados mortos nos combates no Afeganistão e nas outras frentes de guerra em que se envolveram os EUA desde o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001.
Em todas essas cerimónias fúnebres os membros do grupo protestavam contra a pátria e a bandeira “estrelas e listras”, alegando que a impossibilidade dos EUA de sair vitoriosamente desses conflitos deve-se à apostasia da nação. “Deus não mais peleja em favor da confederação americana do norte”, dizia uma fiel da igreja, “mas nos abandonou, pois legalizamos o casamento gay e admitimos o homossexualismo até mesmo entre os nossos soldados”.
Fiquei muito triste ao assistir ao massacre midiático realizado pelo jornalista, pois não era apenas direcionado contra essa pequena seita pseudo evangélica, mas mais uma vez era dada a oportunidade de apresentar o cristianismo como a religião da intolerância. O ingênuo que assistisse à reportagem teria mais facilidade a simpatizar com a tolerância ao pecado e aos pecadores pregada pelo jornalista, do que com a postura biblicamente correta de condenar a imoralidade dos fiéis do grupo.
Na opinião dos integrantes da Igreja Batista de Westboro, os soldados morreram em combate por defenderem uma nação apóstata, tornando-se assim cúmplices de seus pecados. É até mesmo redundante comentar que não haveria pior palco que poderia ser escolhido para tal demonstração. Além do mais, em lugar nenhum das Escrituras encontramos a condenação da vocação e da profissão militar, mas apenas dos abusos e injustiças que eram realizados por alguns soldados dos dias do Novo Testamento (Lc 3:14).
Toda essa premissa é para falar a respeito de uma parte específica do diálogo do jornalista com uma fiel da seita, à qual, sorrindo levianamente, comunicava ao entrevistador que seu destino eterno seria o inferno:
“Eu irei para o inferno e você ri de mim!?” – surpreendia-se o jornalista.
“Minha alegria deve-se ao fato de que todos os inimigos de Deus serão punidos um dia, todos aqueles que agora nos perseguem e zombam de nossa fé!” – respondeu a fiel.
Não adianta ficar escandalizado, teologicamente o pensamento da entrevistada não é errado, contudo, o que facilmente identificamos é o cinismo e a indiferença para com aquele que desesperadamente precisa se arrepender e se reconciliar com Deus para que não permaneça eternamente separado Dele. A verdade nua e crua, sem o tempero da graça de Deus, é indigesta.
O problema é que nós, os mesmos que se dizem escandalizados com o cinismo expresso pela interlocutora do jornalista, não somos menos cínicos que ela, pois acreditamos como ela no que diz respeito ao destino eterno de bilhões de incrédulos no planeta, mas raramente somos movidos à compaixão, intercedendo, evangelizando, ou até mesmo cooperando e contribuindo com ministérios cuja finalidade é alcançar os perdidos.
“Procurai convencer os hesitantes; a outros procurai salvar, arrancando-os ao fogo; de outros ainda tende misericórdia, mas com temor, aborrecendo a própria veste manchada pela carne” (Jd 22-23).
Pr. Giuseppe Fiano
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